terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 32

Aline olhou para Paula e sorriu, ela estava muito feliz porque pela primeira vez elas estavam saindo e curtindo a noite,enquanto continuava a dirigir ,Paula olhava a com ternura, havia uma expressão doce e terna em seu olhar, Aline não se controlava quando Paula olhava para ela daquele jeito com toda sua meiguice e carinho. Agora Paula estava a passar suas mãos no braço de Aline enquanto ela dirigia.De repente ela entrou por um grande portão e pegou uma pequena estrada que era ladeada por flores e pequenos arbustos, luzes cintilantes iluminavam a pequena estrada, Aline parou diante de uma portaria , após ser atendida dirigiu-se para o apartamento, era um lugar pequeno,porém aconchegante,e quando a porta do quarto se abriu, Paula jogou-se nos braços de Aline e ela a apertou, era adorável a sensação do abraço, era como abraçar o mundo e para elas agora o mundo era muito pequeno porque aquele abraço era tão prazeroso que elas esqueciam de tudo o que haviam deixado lá fora.Agora ali só havia Paula e Aline , o mundo já não existia para elas, cada minuto a sós se tornava tão imenso que o resto perdia o sentido.
Paula queria de uma maneira ou de outra eternizar aqueles momentos para que eles jamais escapassem de suas mãos, porque eles eram infinitamente belos e elas tinham vontade de nunca mais se deixarem , nunca mais se afastarem ou se perderem de vista.Cada vez que se encontravam o mundo deixava de existir e passava a ser simplesmente elas.Assim era  o amor que elas compartilhavam tinha sabor de quero mais, tinha sabor de fruta recém colhida, tinha sabor de tardes felizes que jamais sairiam de suas memórias.
Aline olhou Paula ternamente e tocou sua mão dizendo:
-Eu te trouxe aqui porque queria te fazer uma surpresa, me diga se você gostou.
-Eu adorei amor, nunca tinha vindo a um motel, é bem confortável.
-Que bom que você nunca veio, é bom saber que é a primeira vez que vem a um lugar desse e saber que é comigo é melhor ainda.
Paula olhou para ela e disse:
-Você pegou o melhor quarto?
Aline respondeu;
-Sim, peguei o quarto especial pra brindar com você o nosso amor, nosso encontro, nossa felicidade.Sabe Paula você não tem ideia de como me faz feliz, você é essencial para mim , estar ao seu lado é como poder desfrutar do próprio ar que eu preciso, eu não sei como me sentiria se você me deixasse, não gosto nem de pensar nisso.
Paula olhou para ela e disse:
-Então não pensa, não precisa pensar porque eu não vou te deixar.
Aline perguntou:
Jura?
A resposta de Paula foi direta.
-Como poderia deixa-la se eu te amo?
Nesse momento Aline a abraçou e ficou por alguns segundos sentindo sua respiração, seus corações agora pulsavam mais acelerados, ela tocou levemente o rosto de Paula com os lábios, suas mãos deslizaram por seus braços passeando por eles.Paula estava com um vestido preto que deixava as costas à mostra,Aline então começou a tocar suas costas com as mãos, a pele era tão macia, doce.Paula a apertou mais fortemente e suas mãos continuaram a sentir a suavidade daquela pele quente.Nesse momento as duas se beijaram e o beijo foi o mais ardente , cada vez que se beijavam a sensação era sempre melhor que a anterior, tudo parecia ser sempre mais forte, mais intenso, elas se perdiam em um mar de sensações que desejavam como ninguém.As mãos de Aline continuavam a passear pelo corpo de Paula, agora ela estava a lhe tocar os ombros largos e delicados.Agora elas eram como dois pássaros que estavam novamente se aconchegando no ninho que estavam construindo, sim, o amor delas era como um ninho que lhes trazia segurança,proteção, felicidade.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 31

Paula e Aline ficaram por alguns momentos desfrutando de um caloroso e gostoso abraço,toda vez que se encontravam era assim, havia tanta saudade, tanta vontade de estar sempre junto que quando elas se viam não dava pra controlar o desejo.Aline então convidou Paula para irem ao cinema e ela aceitou no mesmo momento, aquela seria a primeira vez que elas saíam em público, pois antes estavam sempre se encontrando na saída da faculdade.Assim que chegaram ao cinema o filme em cartaz era romântico e contava a história de um casal que estava enfrentando uma situação parecida com a delas.Por um instante Paula se imaginou na pele da personagem, era tão real, tão cheio de coincidências.As vezes Aline olhava para Paula e sentia uma vontade louca de beija-la ali no escurinho do cinema,mas ela sabia que se tentasse fazer isso talvez Paula poderia não gostar então preferiu se conter, apesar de que era muito difícil ficar ali ao lado dela e não poder toca-la.
Paula olhou para Aline e ela se aproximou e pegou em sua mão, as duas ficaram assim durante todo o filme.O que uma sentia a outra também sentia, Paula também estava louca para beija-la, quando o filme acabou as duas ficaram algum tempo conversando dentro do carro, Aline começou a dizer a Paula como ela havia se tornado importante para ela.Paula disse:
-Você também é muito importante para mim, não há um dia sequer que eu não pense em você, que eu não deseje ficar do seu lado, me sinto muito bem quando estamos juntas, você me da paz, amor, carinho, me protege, você é a melhor pessoa que eu poderia ter encontrado, o seu amor me dá força.
Aline a interrompeu dizendo:
-O nosso amor nos dá força, você também acabou se tornando a razão de tudo o que eu faço, sou muito feliz por você estar comigo porque eu sei que tenho o seu amor, eu sinto que você me ama,que você é sincera comigo, acho que durante toda a minha vida eu nunca encontrei alguém que me fizesse sentir tão bem como você me faz.
Paula perguntou:
-Você nunca sentiu isso por nenhuma outra mulher?
-Nenhuma, você é muito especial, diferente,me dá tudo o que eu sempre quis, me faz sentir como nunca me senti antes, não sei Paula é difícil te explicar tudo o que você faz comigo, mexe muito com o meu coração, com a minha cabeça, eu não consigo te falar tudo o que sinto.
Nesse momento Paula falou:
-Não precisa falar nada, eu sei que você fala a verdade, eu confio no seu amor, as palavras são desnecessárias quando a gente consegue sentir tudo o que nós sentimos, é tudo muito real e mágico que a gente não precisa ficar procurando explicações para os nossos sentimentos, isso basta.
Aline passou a mão pelo rosto de Paula e disse:
-Nossa, que lindo o que você falou agora, eu quero aproveitar e te fazer um convite.
Paula ficou curiosa e logo perguntou:
-O que é?
Aline respondeu:
-E se eu te convidar pra ir comigo em um lugar especial, você iria?
Paula olhou para ela cheia de surpresa e disse:
-Um lugar especial?
Aline respondeu:
-Sim, pra nós fecharmos a noite com chave de ouro. O que você acha?
Paula a olhou firmemente nos olhos por alguns segundos e depois falou:
-Bom, apesar de não saber  que lugar tão especial é esse que você está falando, eu aceito, porque imagino que deve ser especial mesmo.
Paula a beijou docemente e depois falou:
-Tenho certeza de que você vai adorar.
Paula falou:
-Eu tenho certeza que sim.
As duas se beijaram, Aline novamente passou a mão no rosto de Paula e o beijo veio mais ardente, com mais desejo, com sabor de saudade, com sabor de uma fruta doce que a gente acabou de colher.Naquele momento elas se abraçaram e ficaram assim por alguns segundos curtindo o calor daquele abraço tão gostoso.Alguns segundos depois Paula falou:
-Mas me diga onde você quer me levar?
Aline respondeu:
-Não, quero te fazer uma surpresa.
E as duas saíram em direção a entrada da cidade.Paula olhou para ela e disse:
-acho que eu já estou sabendo para onde você está me levando.
Aline perguntou:
-Quer desistir?
Paula olhou para ela com os olhos brilhando e respondeu:
-Jamais.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 30

O clima continuou tenso na casa de Paula com as mesmas palavras duras de seu pai e os olhares de interrogação da mãe. Os dias foram passando nesse clima hostil enquanto Paula e Aline continuavam se encontrando sempre na saída da faculdade, agora Paula ia quase todos os dias para o apartamento de Aline e lá elas ficavam namorando e curtindo a intensidade daquele amor.
 Paula já não se preocupava mais com o que os outros pudessem lhe dizer, parecia que o mundo para ela agora era apenas ela e Aline.
Dentro de casa ela e seu pai já não trocavam mais palavras, Paula estava se sentindo muito mal, ela não queria que as coisas continuassem assim. Ela precisava falar com o pai, queria poder dizer sobre o amor que sentia por Aline e como ela a tratava bem, mas a conversa que ela queria ter com ele não chegava nunca porque ele simplesmente evitava- a de todas as formas,era uma situação que estava ficando insuportável para ambas as partes.
 Paula muitas vezes sentia um aperto em seu coração, ela ficava em estado de agonia pelo fato de estar vivendo naquele clima com seu pai, era algo que ela não queria que acontecesse, por outro lado sabia que era inevitável.
 Seu pai não queria que ela se aproximasse de Aline como ele próprio já havia falado, mas elas estavam apaixonadas e não conseguiam ficar um dia sequer sem se ver, havia uma necessidade enorme de se verem, esse sentimento era algo muito forte que foi crescendo dentro delas e transformando suas vidas, tudo o que Aline pensava em fazer ela incluía Paula, ela estava sempre em seus planos, Aline não fazia nada para si que não fosse algo que também pudesse fazer bem à Paula, elas estavam vivendo uma pela outra,além disso,Paula sabia como elas mesmas já haviam conversado, se ela não assumisse sua condição ao lado de Aline teria que assumir com outra pessoa, não adiantava negar, o problema não era assumir seu romance com Aline, mas assumir a sua verdadeira condição sexual.
Dias se passaram e num domingo chuvoso Paula ligou para Aline, elas precisavam conversar.
Ao chegar ao apartamento, Paula estava quase chorando, elas se abraçaram e Aline foi logo perguntando:
-O que houve amor?Por que você está chorando desse jeito?
Paula respondeu com a voz embargada:
-Eu não estou mais conseguindo conviver com essa situação tão hostil com o meu pai, ele me ignora todo o tempo, parece até que eu não existo mais, parece que eu não sou ninguém, está horrível de agüentar essa situação.
Aline passou a mão no rosto de Paula e disse:
-Amor, essa é uma situação que a gente sabia que ia acontecer, vai chegar um momento em que ele vai perceber que você precisa viver sua vida, uma hora ele vai ter que aceitar.
Paula respondeu:
-Eu sei disso, mas minha mãe sofre, é horrível pra ela saber que eu e meu pai não nos falamos mais, ela presencia a nossa pouca troca de olhares.
 Aline disse;
-Eu sei amor e você também sofre, não somente a sua mãe, você também é vítima dessa situação, eu também sofro em vê-la passar por tudo isso e não poder fazer nada, não fique se culpando, se tudo é difícil pra sua mãe, é difícil pra você também, pense nisso.
- Eu sei que você tem razão, mas eu não agüento mais ficar dentro daquela casa e ele me ignorar, eu não quero mais continuar desse jeito, tenho medo de enfrenta-lo novamente  e ele me expulsar de casa.
Nesse momento Aline olhou para ela e disse:
-Se isso acontecer não se preocupe, pois na rua você não fica te trago pra morar aqui comigo.
Paula olhou para ela, secou as lágrimas de seu rosto e perguntou:
-Jura que se acontecer você me deixa vir pra cá?
Aline olhou para ela com os olhos cheios de surpresa e falou:
-Não acredito que você está me perguntando isso, mas é claro que você vem pra cá, imagina que eu vou deixar a minha namorada sozinha por aí, na rua. Se você pensou isso você é louca.
Paula falou:
-Assim fico mais tranqüila e que bom que você esta aqui para me proteger. Eu confio em você.
Aline falou:
-Amor, não tenha medo, assim como a luz do sol brilha todos os dias e há de brilhar sempre, eu irei sempre te proteger porque eu te amo muito.
Paula olhou para ela e as duas se abraçaram novamente, dessa vez o abraço foi muito mais especial, pois além do amor tinha também um sabor de carinho, aconchego e proteção. Paula colocou a cabeça sobre o ombro de Aline e a apertou contra si, seu coração se acalmou, e ela pôde sentir o carinho que Aline lhe transmitia naquele momento.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 29

Paula estava muito triste e cheia de receios pois sabia que agora já não dava mais pra fugir, seu pai já estava por dentro de tudo, sua mãe ainda não havia lhe falado nada mais sério nesse sentido, mas provavelmente já devia saber também, agora era a hora de enfrentar e não olhar pra trás, era o momento de olhar pra frente e criar forças por tudo o que já havia passado sem ter coragem de assumir sua condição agora devia ser deixado pra trás,agora era vida nova com mais liberdade, mais coragem,era assim que Paula estava pensando, porém, ela estava se preparando para continuar a defender sua felicidade, não dava mais pra negar que ela precisava ser feliz assim como todas as pessoas, ela não era diferente de ninguém, tinha defeitos e qualidades e precisava deixar claro a quem quer que fosse que ela merecia respeito pois respeitava a todos.Dias após essa conversa com seu pai, Paula percebeu o quanto ele estava ignorando-a,hostilizando-a, isso era algo que a entristecia muito pois se tratava de seu pai, ela o amava, mas agora estavam diante de uma situação para a qual ele não se mostrava compreensivo, e muito pelo contrário ele ja tinha dito claramente que queria ver Paula bem longe de Aline.
Paula pensativa dizia a se mesma:
-Não posso fazer as vontades de meu pai, preciso mostrar a ele que não vou desistir de mim mesma, estou em busca de me encontrar como pessoa, já estou cansada de fugir disso tudo e abaixar a cabeça a todos que me apontam.Chega!não quero mais saber disso, agora eu enfrentarei o que for, não vou viver da maneira que eles querem, não posso fazer isso mesmo que meu pai me ignore, eu vou enfrentar essa situação.Sempre fui a menininha frágil e delicada que eles vigiavam e diziam tudo o que eu devia fazer.Agora acabou!Sou mais eu, já que nós temos mesmo que enfrentar isso vou em frente, as palavras do meu pai não vão me intimidar, eu vou seguir minha vida da maneira que eu puder ser feliz, mesmo que suas palavras tenham sido duras ele não tem o direito de decidir com quem eu devo ficar ou a maneira como devo viver minha vida.Ele pensa que por ser meu pai pode decidir o meu destino, não vou mais deixar que ele me proíba de buscar minha felicidade, vou viver e ser feliz.
A partir daquele momento Paula foi envolvida por uma força que nem ela mesma conhecia,estava realmente decidida a continuar sua luta e a não se enfraquecer diante das palavras de seu pai, apesar de ama-lo muito Paula não abaixou a cabeça para ninguém e enfrentou a situação como realmente deveria ser e dias se passaram e seu pai continuou a ignorá-la, agora eles eram como dois estranhos vivendo sob o mesmo teto, era horrível tanto para um quanto para o outro, eles nem se olhavam mais , só se falavam quando havia algo muito importante para falar, mas quanto ao resto os dois se mantinham distantes, silenciosos,a  mãe de Paula não a ignorava mas também ficava muito triste por ver o clima que havia se instalado dentro de casa.Ela queria que os dois voltassem a se falar como antes, mas isso não acontecia, cada vez havia mais distancia e isolamento, silencio e saudade.Saudade que Paula sentia das vezes em que se chegava da faculdade e ele a beijava com ternura no rosto.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 28

A partir daquele momento, Paula teve certeza de que seu pai já sabia de tudo ele só não queria dizer claramente, mas na realidade já sabia.Paula ficou muito chateada com tudo o que seu pai falou, foi muito duro, não era essa a conversa que ela queria ter com ele, ela tinha imaginado tudo de maneira diferente, embora soubesse que seria difícil mesmo.Agora só restava a ela enfrentar a situação, já havia chegado o momento, se ela dissesse ao pai que não tinha nada a ver com Aline ela só iria adiar algo que realmente precisava dizer.
Nesse momento, Paula olhou para ele com os fixos, ela estava buscando coragem dentro de si para falar algo mais para o pai, as últimas palavras dele foram ditas de maneira impositiva, ele estava mandando que ela arrumasse um namorado, essa tinha sido demais, ela estava bem ao lado de Aline, era o amor de sua vida, mas como dizer isso ao pai?Como falar desse amor?Paula deixou que ele falasse isso e saiu de perto, foi para o seu quarto, ele foi atrás e bateu na porta insistindo para que ela abrisse, ele disse:
-Não me vire as costas, eu sou seu pai,estou falando.Quem você pensa que é?Com quem pensa que está falando? Você ouviu bem o que eu disse?Para de se encontrar com essa mulher, arrume um namorado, eu não quero mais vê-la ao lado dela, não quero mais ter que te pedir isso, enquanto estiver morando sob o meu teto terá que ser do jeito que eu determinar, além disso, eu não quero ficar ouvindo a vizinhança falar essas coisas a  seu respeito, eu não mereço, não foi pra isso que eu te criei.
Paula respondeu:
-Você não me criou pra ser apenas do jeito que você quer, eu sou uma pessoa adulta, sou livre,independente, eu tenho o direito de viver como eu quiser, como eu puder ser feliz.
-Você é independente? Você acha mesmo?O dia que você sair daqui,que tiver a sua própria casa, aí sim você poderá me dizer que é independente, mas por enquanto não.
Paula ouviu em silencio e decidiu que seria melhor esperar seu pai se acalmar um pouco, ele estava muito nervoso, descontrolado, não seria legal continuar aquela conversa, pelo menos agora ela já sabia que o pai já estava por dentro de tudo o que estava acontecendo entre ela e Aline.Ela simplesmente deixou que ele dissesse o que estava pensando, seria bom para ele desabafar,depois que se acalmasse o chamaria para conversar novamente.Paula não queria aquele clima dentro de casa mas era inevitável, ela sabia que cedo ou tarde isso iria acontecer, essa era uma conversa marcada, não dava mais pra fugir, mas seu pai a olhava com raiva, ela percebia no olhar dele.
Quando a conversa dos dois terminou, ela resolveu ligar pra Aline e lhe contar sobre tudo o que havia acontecido, Aline lhe disse que não desistisse de ser feliz e de lutar por essa felicidade.Paula estava chateada com seu pai, ao mesmo tempo em que se sentia um pouco aliviada, agora era a hora de se preparar porque os problemas em casa estavam só começando.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 27

Paula e Aline continuaram se encontrando sempre na saída da faculdade,não ficavam um dia sequer sem se verem, a vontade de estarem sempre juntas era imensa,elas não conseguiam mais controlar, até que chegou a um ponto em que ficou insuportável conseguir manter tudo em segredo em virtude do silencio de Paula, pois elas já estavam juntas há alguns meses e os encontros continuavam da mesma maneira,às escondidas.Roberto que a esta altura já sabia de tudo deixou de assediar Paula, e ao contrário do que ela pensava, ele não contou nada a seus pais, mas vivia jogando indiretas de modo que aumentou a desconfiança deles com relação a amizade das duas.Além do fato de Paula não arrumar namorado ela estava sempre ao lado de Aline que também não era vista com nenhum rapaz, isso começou a incomodar seus pais, até que um dia o pai de Paula perguntou a ela:
-Paula, essa moça não tem namorado?Eu sempre a vejo sozinha.
Paula se assustou nesse momento e falou:
-Como é que é?O Senhor sempre a vê?Acho isso tão estranho , a Aline quase não vem pra esse lado da cidade, como o Senhor a vê ?Está seguindo ela pai?
Ele olhou firmemente para a filha e disse:
-Não, eu não a segui, mas você sabe que as pessoas gostam de falar da vida alheia e me falaram coisas a respeito dela.
-Que coisas te falaram?
Ele respondeu:
-Me disseram que ela nunca arruma namorado e está sempre na companhia de outras mulheres.
-E o que tem isso pai?Ela é mulher por isso é natural que tenha amizade com outras mulheres.
Ele argumentou:
-Ela é mulher, mas vive de intimidade com as moças.
Nesse momento Paula sentiu que seu pai a estava colocando contra a parede, ele estava esperando uma resposta.Paula novamente perguntou:
-Intimidades com outras moças?
-Sim, você não percebeu minha filha?Preste atenção Paula, eu não quero que você caia na boca dessa gente aqui do bairro, todos já estão comentando, por isso eu te peço.Saia de perto dessa moça, eu não quero mais saber de você andando com ela,e essa história de ficar dormindo na casa dela, isso vai acabar, isso pra mim é uma palhaçada, essa moça não é amizade pra você, eu não quero mais saber disso.
Paula tentou explicar:
-Pai, eu sei que o Senhor é um homem severo, mas as coisas mudaram, a juventude que o Senhor teve é muito diferente da forma que os jovens vivem hoje,a  sociedade mudou, evoluiu, isso é uma coisa normal.
-Não na minha família, não enquanto você estiver morando sob o meu teto , eu quero respeito nessa casa, essas pessoas andam só com sacanagem, nada mais, eu quero você longe disso.Por que você não faz igual as suas primas, sai com elas, tenta conhecer pessoas diferentes, esquece essa amizade.
-Pai, a Aline é uma pessoa boa,decente, trabalhadora, eu não sei porque o Senhor está falando desse jeito.
-Você sabe sim, claro que você sabe, você está fugindo do que eu estou falando.
-Paula alterou a voz:
-Eu estou fugindo?
-Sim, é isso mesmo, eu sei o que está acontecendo, não tente me enganar porque eu não sou idiota.Meu Deus, eu não sei porque você não tenta conhecer um rapaz legal,de família, fica se envolvendo com esse tipo de gente.Eu estou muito magoado com você minha filha,por isso eu quero te fazer um pedido:Mude as suas amizades, conheça outras pessoas, tenta sair com as suas primas, eu tenho certeza de que vai ser muito melhor pra você, não fica envolvida com essa moça minha filha, você é um menina tão especial, tão delicada, não foi isso que eu quis pra você.Eu sempre sonhei te ver entrando na igreja, de véu, com o seu vestido longo, linda, e o seu noivo te esperando no altar, pronto pra te fazer feliz, te respeitar.
Paula o interrompeu:
_Pai, isso que o Senhor está falando é tudo muito perfeito, mas a vida real não é assim pai, as coisas na prática são muito diferentes, eu queria poder explicar de modo que o Senhor tivesse compreensão com as coisas que eu quero te falar.
-Compreensão?Então você está admitindo que tem algo mais sério com essa mulher?
Paula nesse momento olhou para o pai e não teve coragem de responder nada  a ele.Se calou enquanto ele a fitava com os olhos cheios de questionamentos, Paula estava com as mãos trêmulas, ele havia tocado no assunto que ela estava tentando esconder, ela não tinha coragem de respondê-lo, apenas o olhava, seu coração estava acelerado,agitado, ela queria dizer a verdade, contar tudo logo mas ainda lhe faltava forças para isso.Ele ficou lhe olhando em silencio esperando que ela lhe respondesse e como a resposta não veio , ele limitou-se a repetir:
-Sai de perto dessa moça, e por favor, arruma um namorado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade-Capítulo 26

Paula e Aline ficaram durante alguns momentos apenas ouvindo as próprias respirações, e o tempo passou, elas não se deram conta disso e ao contrário do que as duas haviam combinado, Paula não foi para casa, o desejo e a vontade de ficarem juntas, de se curtir mais um pouco falou mais alto,elas nem viram as horas passarem e acabaram adormecendo, mas a essa altura depois de ter enfrentado Roberto,Paula já não estava mais tão preocupada com os comentários e as indagações de seu pai, agora ela estava mesmo decidida a enfrentar todos em nome não apenas do amor, mas em nome de sua própria vida e de sua felicidade, não era apenas por estar com Aline, ela teria que enfrentar de qualquer jeito.
Então foi para casa, Aline a levou e as duas prometeram se encontrar novamente a noite na faculdade.Assim que chegou em casa,seu pai já havia ido para o trabalho, mas vieram as perguntas de sua mãe, novamente a lhe questionar onde havia passado a noite e com quem estava, Paula sabia que teria que passar novamente por esse interrogatório, isso lhe dava nos nervos,afinal, ela era adulta, eles a tratavam como uma menina ainda, ela havia crescido, tinha sua própria vida, suas vontades, não poderia ficar a vida toda a passar por essa situação, eles tinham que ver que ela já não era mais a adolescente, era uma mulher.Paula estava se enchendo daquilo tudo.Ela pensava em silencio:
-Meu Deus, eles me tratam como criança, quando é que vão perceber que eu cresci e que tenho o direito de viver minha vida como eu quiser ou da maneira que eu me sentir bem?
Quando sua mãe continuou aquele interrogatório e ela disse que havia passado a noite na casa de Aline, ela já lhe perguntou logo?
-Escuta ,minha filha,essa moça não tem namorado?Antes você não tinha essa mania de ficar dormindo na casa dela , porque agora tem que estar sempre lá?
Paula não sabia o que responder., ela queria falar tudo logo,mas sua mãe estava ali em sua frente, a olhar fixamente para ela, a interrogando, como se ela tivesse cometido um crime.Os olhos de sua mãe a interrogavam de maneira ameaçadora, ela sentia algo mais na força daquele olhar, ela o conhecia.
-Paula ficou em silencio alguns segundos, depois respondeu:
-Mãe, ela não tem namorado,e eu vou pra casa dela, porque ela é uma amiga muito legal,  a gente fica conversando e como ficou tarde eu resolvi dormir lá, foi isso.
A mãe não disse nada, ela era uma mulher muito esperta, Paula percebeu que havia algo que ela queria lhe perguntar, mas não perguntou.Apenas balançou a cabeça negativamente como das outras vezes, reprovando a atitude da filha.
Paula foi para seu quarto.Os dias seguintes correram com as desconfianças de Aline em acreditar que Paula não teria coragem de assumir a situação.Ela se desesperava quando pensava que podia perder seu amor definitivamente, enquanto na casa de Paula o clima passou a ser de incerteza e das indiretas que sua mãe passou a jogar diante de suas atitudes.
Paula começou a  sentir que estava chegando o momento, a situação com Aline estava se tornando cada vez mais séria, elas não conseguiam ficar muito tempo longe uma da outra,era recíproco, havia um desejo enorme que surgia de repente e elas não conseguiam controlar a vontade de se encontrar e de viverem cada momento daquele amor.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 25

Paula novamente colocou a cabeça no ombro de Aline e deixou que ela suavemente lhe tocasse como das outras vezes.Ela sentiu as mãos de Aline a passearem por suas costas.O toque era doce como sempre,delicado.
Paula às vezes parecia sonhar, enquanto ela lhe tocava, depois acordava do sonho e tudo voltava à realidade.Paula e Aline estavam agora novamente desfrutando das mesmas sensações, as mãos se encontrando, os olhares se desejando cada vez mais.Aline começou a sussurrar palavras doces ao seu ouvido.Nesse momento, Paula se afastou e disse que achava melhor ir embora.Aline se mostrou surpresa perguntando;
-Mas você acabou de prometer que dormiria aqui comigo.Por que quer ir embora?
-Eu acho melhor assim, apesar de estar adorando ficar aqui com você.
-Então fica comigo, dorme aqui.
Paula falou :
-Vamos fazer assim, eu fico até uma determinada hora e depois você me leva pra casa,pode ser?
Aline olhou para ela com ternura e disse que a levaria para casa mais tarde, em seguida falou:
-Paula, eu sei que te prometi que não tocaria mais nesse assunto, mas agora eu tenho que te falar algo que me passou pela cabeça.Você parece estar fugindo não apenas de mim mas de você também, você fugiu das minhas carícias, estávamos tão bem e você decide ir embora, eu estou vendo que você não vai precisar enfrentar apenas os seus pais , mas terá que enfrentar os seus próprios medos, porque você foge de algo que eu sei que você quer.
Paula respondeu;
-Claro que eu quero, mas não diga isso, eu não estou fugindo.
-Está bem, eu não vou insistir.
Paula sorriu e as duas se abraçaram, nesse momento todas as maldades desapareciam, todas as incertezas e duvidas evaporavam, iam embora.Aline acariciou os cabelos negros de Paula e ela sorriu com ternura.Seus olhos brilhavam, procuravam enxergar- a si mesmos dentro dos olhos de Aline.
Havia nesses momentos uma dose de magia, ternura, como se tudo ali se resumisse apenas no amor que existia entre elas.Era incrível como esses momentos tinham o poder de aliviar a angústia que dominava Paula e Aline todas a vezes que elas pensavam em tudo o que tinham pra enfrentar.Mas era muito bom saber que o amor estava ali a chamar por elas, a brigar com o preconceito das pessoas, a fazer com que acreditassem cada vez mais que poderiam ser felizes, que a felicidade que haviam encontrado dependeria somente delas e não do que as pessoas poderiam pensar ou falar, isso já não importaria mais.
Paula olhou profundamente nos olhos de Aline e elas se beijaram ternamente e com muita paixão.Havia um fogo , uma sensação que percorria o corpo de ambas, novamente a magia acontecia.
Elas ficaram durante alguns minutos sem dizer nada,apenas uma sentindo o contado da pele da outra,o calor, o desejo, e a mesma vontade de ficarem juntas novamente e de curtirem cada segundo daquele amor incontrolável.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 24

Paula e Aline ficaram por alguns minutos provando a gostosa sensação daquele abraço.Era um abraço que tinha sabor de proteção,aconchego e ao mesmo tempo uma necessidade grande de ser compartilhada,porque naquele momento o mundo parecia perder-se , e elas se encontravam como se houvessem duas estrelas que se encontravam em meio a imensa constelação.Sim,havia um brilho que surgia do abraço delas porque tudo ali era único,real, e também necessário.Tudo o que elas desejavam era poder esquecer o que a maldade das pessoas podia causar a elas,porque de repente a maldade deixava de existir quando elas se abraçavam e se tornavam mais fortes e compartilhavam o mesmo carinho.
Aline novamente pediu desculpas e passou a cobrir Paula de mimos,às vezes ela era como uma criança indefesa,frágil, mas ao mesmo tempo se tornava uma mulher forte,guerreira que estava enfrentando o preconceito de cabeça erguida como realmente deveria ser.
Paula estava pouco a pouco enfrentando a mesquinhez e a discriminação, pela primeira vez ela estava sentindo em sua própria pele o sabor amargo da indiferença das pessoas.
Aline apertou Paula em seus braços.Ela sabia que tinha pegado pesado com ela.Calmamente ela falou:
-Fica comigo, dorme aqui.
-Eu não sei Aline,acho melhor ir pra casa, essa conversa com o Roberto me deixou muito pra baixo.
-Por favor Paula, fica.Não me deixe sozinha, eu já te pedi desculpas, eu sei que eu fui longe demais.Você já me falou o que pensa sobre isso, eu entendo a sua posição e acho realmente que eu forcei um pouco, mas fica comigo.
Paula olhou para ela e falou decidida:
-Me promete  que você não vai mais tocar nesse assunto, porque eu vou conversar com meus pais no momento em que me sentir a vontade.Eu não quero fazer isso porque você está me pressionando, mas sim por se tratar de algo que eu vou precisar fazer, não vai adiantar eu  fazer  sob pressão, será pior pra mim, eu preciso estar numa boa quando for conversar com eles,principalmente com o meu pai que é um homem rígido, não vai ser fácil, eu preciso enfrentar essa situação , não porque você está me pedindo  mas por se tratar de uma decisão minha, como você mesma disse se eu não ficar com você, será com outra.Então me promete que você não tocará mais nesse assunto.
-Prometo, eu não vou mais insistir, não falarei mais sobre isso, mas agora pode parar com essa história de que se não for comigo será com outra porque você não vai ficar com ninguém,você é minha.
Paula falou:
-Claro que eu sou sua, foi uma maneira simples de me expressar.
-Então me diz agora que você vai passar a noite comigo.
Paula falou com a voz suave e cheia de manhas.
-Então diga alguma coisa gostosa ao meu ouvido.
Aline aproximou-se e disse baixinho ao ouvido de Paula.
Fica comigo, porque eu te quero, você é minha.
Um arrepio percorreu o corpo de Paula, ela sentiu os lábios quentes e molhados de Aline tocando o seu rosto.Novamente naquela hora o mundo pareceu pequeno demais para elas porque era tão boa aquela sensação que o resto do mundo deixava de existir, ali só havia o carinho e o amor que agora elas desfrutavam, nada mais importava lá fora, tudo se resumia àquele instante.Era puro porque não havia interesses maiores, só a partilha de sentimentos que haviam se tornado a razão pela qual Paula estava disposta a enfrentar tudo e todos, mesmo que amanhã ou depois tudo fosse incerto entre elas, porque naquele momento havia a certeza do desejo de querer viver e sentir esse amor.Era esse amor que movia o sentimento delas, era esse amor que as empurrava de encontro a necessidade daquele momento e aquele momento era mais que especial pois pertencia somente a elas.




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 23

Roberto ficou olhando até o carro de Aline virar a esquina,ele agora sabia que havia algo mais que amizade entre elas.Ele caminhou em direção ao seu carro de cabeça baixa.A caminho de casa foi pensando no que havia acontecido.Às vezes ele se perguntava:
_Por que não eu?

Agora ele estava lembrando de todas as vezes em que desejou ter Aline em seus braços.Em silêncio ele falou para si mesmo:
-Como eu a desejei, eu quis tanto tê-la comigo, e ela escolheu uma mulher.Como eu pude ser tão cego?Como eu não percebi antes?
Roberto estava cheio de questionamentos,havia dentro dele  um sentimento vazio, sem vida,agora parecia que tudo o que sentia por Paula era apenas desejo,ele não queria falar de amor,já não tinha mais a certeza se um dia havia amado-a, ele sabia que a desejava muito.Seus pensamentos agora estavam confusos.Ele se perguntava:
-Desde quando Paula estava se relacionando com Aline?
-Será que no dia da festa as duas já estavam juntas?Não, não podia ser,Paula não fingiria tanto assim para ele, ele a levou para casa.
Com seus pensamentos perdidos em meio a tantas lembranças, ele pensou:
-Paula poderia ter me falado tudo naquele dia, mas ela nunca disse nada a respeito.
Roberto estava com vontade de dizer muitas coisas a Paula, mas ela nunca lhe deu esperanças, mas tudo o que vinha a sua mente era a imagem da noite da festa.Ele oferecendo carona a ela.Ela insistindo para ir embora com Aline, ele a levando para casa.Um filme estava se passando na cabeça dele e a imagem de Paula, apesar de tudo,estava ali a lhe atormentar,a segui-lo,a lhe tirar o sono.Assim que chegou em casa, ele foi logo se deitar e as lembranças de Paula o atormentavam.Roberto precisava se ver livre dessas lembranças..
Enquanto isso no caminho para o apartamento de Aline, as duas ficaram em silêncio, ninguém dizia nada.Assim que chegaram Aline quis saber o que Paula e Roberto haviam conversado.
-Ele queria me levar pra casa,veio dizendo que eu não falo mais com ele, que todas as vezes que tenta falar comigo eu estou com você e que as pessoas já estão comentando.
Aline perguntou com ar de surpresa.
-Ele disse isso?
-Sim, disse.Disse também que as pessoas podem ser cruéis com o que falam, me perguntou se eu vou mesmo dar a cara para a sociedade bater.
Aline falou:
-Então ele quis dizer que sabe que nós estamos juntas.
Paula respondeu:
-Ele não quis dizer.Ele disse.Ele já sabe.
-Mas como ele ficou sabendo?
-Ele é esperto, já percebeu porque está nos vendo sempre juntas.
Aline olhou para Paula e perguntou:
-Isso te preocupa Paula?
Ela disse:
-Não.Quer dizer, ele certamente irá contar para o meu pai.
-E você está com medo  que ele fale com seus pais sobre isso?Paula essa é a chance pra você abrir o jogo com eles.Aproveita e conta tudo, você vai ver que depois você se sentirá muito mais a vontade com essa situação.
Paula, com a voz irritada disse:
-Aline você não está entendendo,o meu medo não é apenas que a minha família saiba,porque como você mesma já disse e u também sei disso, um dia eles terão que saber, mas eu penso muito sobre a maneira como o Roberto poderá falar desse assunto com eles,porque ele pode falar de um jeito que os meus pais podem pensar que é apenas sacanagem ou safadeza como a maioria das pessoas falam por aí,muita gente diz que isso é palhaçada,safadeza, esses dias eu ouvi uma coisa horrível, eu ouvi um cara dizer que gay tem que apanhar.Será que você não percebe que isso é absurdo? Muitas pessoas lá fora tratam a homossexualidade como sacanagem e isso não é verdade, eu quero que eles saibam que existe sentimento,carinho, respeito, afeto, é disso que eu estou falando.E nós precisamos ser respeitados, somos cidadãos, cumprimos os nossos deveres, também temos direitos que precisam ser preservados,não somos diferentes de ninguém lá fora,de repente ele pode falar de uma maneira que o meu pai leve tudo pro lado da sexualidade, e nós sabemos que não é só isso.Exite amor, companheirismo,cumplicidade.
Aline falou;
-Paula, eu sei disso, você está certa, mas essa pode ser a sua chance de falar sobre isso com eles e só há uma maneira de fazer isso,  falando a verdade,encarando a situação de frente.
Paula por um momento se irritou:
-E você acha que eu mentiria pra eles?Eu vou dizer a verdade, eu quero que eles saibam, mas não me pressione,eu saberei quando chegar o momento, e saberei conversar com eles.Eu não quero que eles olhem isso apenas pelo lado sexual, porque não é só sexo, e somente eu poderei falar que existe sentimento porque eu vivo essa situação e não o Roberto.Isso é muito íntimo, é a minha vida, a minha intimidade, quem tem que falar disso com eles sou eu, ninguém mais,muito menos o Roberto.Eu não vou aceitar que ninguém invada a minha intimidade,ninguém.
Aline tentou acalmá-la:
-Está bem, amor eu já entendi,não precisa ficar brava comigo.
Paula olhou para ela com os olhos marejados e disse:
-Eu não estou brava.
-Jura?
-Juro.Estou nervosa, irritada, você me pressiona de um lado, agora o Roberto também,eu estou me sentindo contra a parede,por favor me deixem tranquila pra que eu possa conversar com eles numa boa,por favor.
Paula sentou-se no sofá e colocou o rosto entre as mãos.Aline sentou-se ao seu lado ,tocou suavemente seus cabelos e disse:
-Me desculpa, amor,se eu estou fazendo você se sentir pressionada,não era essa a minha intenção, eu só quero que você se sinta forte, que saiba que eu estou do seu lado.
Paula respondeu com a voz trêmula, ela estava quase chorando:
-E sei que você quer o melhor pra mim,e  que você não vai me abandonar, mas deixa isso comigo, esse é um assunto meu, eu vou ter que enfrentá-lo.
Aline sentindo que havia ido longe demais em suas palavras, disse:
-Está bem amor, eu peço desculpa novamente.
Ela tocou a mão de Paula e disse:
-Vem cá, me dá uma braço e diz que você me desculpa.
Paula respondeu olhando em seus olhos:
-Você está desculpada.
Paula a abraçou, colocou a cabeça em seu ombro e ficou assim por alguns segundos.Naquele momento ela encontrou a paz.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Após a Tempestade- Capítulo 22

No momento em que Aline ligou o carro, de repente Roberto apareceu gritando por Paula. Ele bateu no vidro do carro chamando por ela. Paula se assustou:
-O que foi isso?
Aline falou:
-É o seu amigo.
Quando Paula viu que se tratava de Roberto ela fez um gesto negativo com a cabeça. Ele foi logo dizendo:
-Paula, eu quero falar com você.
-Roberto, por que você não conversou comigo durante a aula?Agora eu estou indo pra casa.
-Paula eu vim te chamar porque eu quero que você vá comigo, eu te levo.
Ele colocou as mãos na porta do carro e olhou firmemente para Paula. Ela respondeu:
-Roberto, eu já estou indo, ela vai me levar.
Nesse momento ele olhou para Aline durante alguns segundos, em seguida perguntou:
-Vai pegar carona novamente com ela?
-Vou sim. Por quê?Algum problema?
-Nenhum problema, mas acontece que todas as vezes que tento falar com você, você está com ela.
-Isso te incomoda?
Roberto olhou para Aline com certa ironia, dava pra notar no olhar dele que ele já havia percebido algo na amizade das duas e que ele estava ali diante delas somente para confirmar suas suspeitas. Roberto não era agressivo, mas era muito insistente com Paula, nunca deixou de assediá-la, nunca desistiu dela. Aline apenas observava e ouvia em silêncio a conversa dos dois. Em seguida ele respondeu:
-Se me incomoda ou não, não é disso que quero falar, acontece que tento há dias falar com você e não consigo.
Paula falou:
-Mas não temos nada pra falar um para o outro, além disso, eu sei que você vem com a mesma conversa da semana passada e se for isso que você quer me falar, nós já conversamos a respeito.
-Só que eu tenho muito pra falar. Por favor, fale comigo.
Paula ficou em silêncio, sem responder nada, ele foi até Aline e falou:
-Peça a sua amiga pra falar comigo.
Aline disse:
-Fale com ele Paula.
Ela saiu do carro, os dois se afastaram um pouco e foram conversar. Paula foi logo perguntando o que de tão importante ele tinha pra falar.
-Paula, deixa eu te levar pra casa?Vem comigo, toda vez que eu te procuro você está com essa mulher. A gente nunca mais conversou, é sempre a mesma coisa, olha bem, porque as pessoas já estão comentando.
Paula com a voz alterada demonstrando irritação,perguntou:
-O que as pessoas estão comentando?
-Paula, você não tem namorado, ela também não, e esse jeito que ela se veste, sei lá, você sabe que as pessoas são muito maldosas e podem ser cruéis com o que falam.
-Paula ficou olhando para ele em silencio, ela não sabia o que responder, era evidente que ele já sabia o que estava acontecendo entre elas, só não queria falar abertamente, mas já sabia. Ele era um cara esperto. Após alguns segundos Paula respondeu:
-Eu não me importo com o que as pessoas falem a meu respeito e também não tenho medo da maldade das coisas que elas falam.
Roberto olhou para ela, sorriu com ironia, enquanto Paula olhava desesperadamente para os lados demonstrando estar com uma pressa imensa de sair dali e se livrar daquela situação. Roberto a olhava, como se estivesse interrogando-a. Ela estava embaraçada com tudo aquilo. Ele perguntou:
-Vai mesmo dar a sua cara para a sociedade bater?
Paula ficou alguns segundos olhando para ele sem nada dizer, ela estava sem ação, ela sabia que ele tinha razão quando falou do preconceito de parte da sociedade,era difícil admitir, mas era verdade, era um assunto delicado, mas ela não queria pensar nisso agora, só queria se livrar daquela situação com Roberto, ela sabia que estava diante de seu primeiro obstaculo, enfrentar seus próprios medos e sua falta de coragem, era uma situação nova para ela, e ela sabia que iria chegar um momento em que  teria que enfrentar tudo isso.E louca para se ver livre daquele embaraço todo ela se despediu:
Eu estou indo, boa noite.
Ela saiu caminhando rapidamente, entrou no carro e foram embora.Roberto ficou parado olhando o carro se afastar.Em silencio ele disse para si mesmo:
-Roberto ,você é um idiota mesmo.



Capítulo 61- As mães de Pedro

 Passada uma semana o advogado ligou para Aline avisando a ela que havia sido concedida a ela a guarda definitiva de Pedro. Ela ficou radian...