sexta-feira, 23 de março de 2012

Após a Tempestade-Capítulo 36

Ao ouvir as palavras de Aline ao telefone, Paula sentiu um grande alívio, na verdade ela estava mesmo com medo de que Aline a abandonasse e nesse momento, talvez ela própria não tivesse ideia do verdadeiro amor que Aline sentia por ela, mas após essa conversa ela se sentiu muito mais tranquila e aliviada, agora era o momento de fazer uma mudança total em sua vida, havia chegado a hora, Paula sabia que Aline estaria ao seu lado e isso lhe dava muita calma e entusiamo.
Porém, ao mesmo tempo em que se sentia bem, havia também uma tristeza em ter que deixar sua casa naquelas condições, ela não queria que as coisas fossem assim mas não havia nada mais que ela pudesse fazer, ela precisava ser feliz, seu pai precisava entender isso, ela tinha esse direito.
Paula por alguns minutos pensou nos momentos em que ela tentou fugir de si mesma acreditando que isso seria possível e se escondia atrás de suas próprias vontades e desejos, deixando de buscar sua felicidade para viver apenas a vida dos outros, havia sido assim durante muito tempo numa época em que para ela satisfazer as vontades das outras pessoas era mais importante, mas agora era diferente, ela estava decidida a ser ela mesma, a ser dona de suas próprias vontades.
Paula olhou pela janela de seu quarto e viu lá fora um grupo de meninas que passava à caminho da escola, todas muito bem penteadas e enfeitadas como princesinhas, assim como tantas vezes sua mãe a havia vestido também, como se estivesse desejando que ela pudesse encontrar  um castelo e que o seu príncipe a estivesse esperando, como se o castelo e o príncipe existissem.
Mas não, eles não existiam, não havia o castelo e nem o príncipe que seus pais haviam sonhado, mas havia para Paula a promessa de felicidade que ela tanto desejava e merecia, ela seria feliz, ela já era feliz, mesmo não atendendo aos padrões que a sociedade lhe havia imposto, mas sim, atendendo aos sentimentos de seu próprio coração, sentimentos esses que agora já faziam parte de sua vida  ela queria mais que tudo poder viver esses sentimentos sem culpa, sem cobrança, ela queria vivê-los como todas as outras pessoas vivem, com liberdade, com igualdade, sem receios, era assim que ela desejava viver de agora em diante e ela já havia dado o primeiro passo, e enquanto observava as meninas passarem na rua ela pensou em quantos momentos felizes poderia  deixar de viver se não assumisse sua condição.
Pensando na felicidade que havia encontrado e agradecendo pela coragem de enfrentar o preconceito de seu pai, Paula suspirou aliviada, afinal esse seria o seu momento de encarar tudo, de ser feliz e de abraçar a vida, porque a vida estava sorrindo para ela, a vida havia lhe dado a chance de encontrar alguém tão especial como Aline, que a amava, a tratava bem, elas eram companheiras e estavam juntas, era isso que importava, então Paula resolveu receber sua nova vida de braços abertos, porque assim ela poderia sentir o amor lhe abraçar como se ele dissesse ao seu ouvido:
-Eu estou aqui e vou lhe proteger e aconchegar, eu sou a força que você precisa para seguir em frente e eu não te deixarei desistir.
Nesse momento Paula sentiu uma onda de calor percorrer seu corpo, como se fosse um sinal de que ela estava se tornando mais forte e que o amor estava ali. Calmamente,ela fechou a janela do quarto,abriu o guarda-roupas, olhou-se no espelho que havia no lado interno de uma das portas e disse para si mesma:
-Essa sou eu,  a Paula que ninguém mais irá manipular, a Paula que precisa e que vai ser feliz.




sábado, 17 de março de 2012

Após a Tempestade-Capítulo 35

Após essa discussão com seu pai Paula ficou muito chateada, essa situação a deixou triste porque ela não queria que fosse assim, mas o que fazer se essa era a maneira dele pensar sobre o assunto?Ele não mudava, muito pelo contrário, insistia em dizer que Paula devia parar com tudo isso  e arrumar um namorado.O que fazer se ele não aceitava?Não havia nada que ela poderia fazer.
Durante um bom tempo Paula ficou sentada em sua cama lembrando da discussão com ele e como ela desejou que as coisas fossem diferentes.Ela não queria aquele clima pesado dentro de casa, ela queria que tudo estivesse bem.Ma não, nada estava bem, e agora depois daquela discussão as coisas entre eles pioraram, ele havia sido muito rude com ela.
Paula ainda podia ouvir as palavras frias que haviam marcado tanto dentro dela, mas agora ele tinha expulsado-a de casa, o que ela tanto temia que acontecesse acabou acontecendo, e agora só lhe restava sair de casa e ir de encontro a sua nova vida, ela estava se encontrando finalmente, havia agora a promessa de uma vida mais feliz e completa, sem os velhos medos, os velhos receios, somente a esperança agora é que teriam lugar em seu coração, a esperança de uma vida feliz como todas as outras pessoas, finalmente agora ela estava de volta à vida, como se estivesse a olhar para um novo amanhecer,como se estivesse a admirar o sol no horizonte, e onde ela tivesse que ir o amor estaria ali a lhe mostrar o caminho mais seguro e ela se sentiria forte e seria feliz.Em seus olhos agora brilhava uma luz diferente, mais nítida, mais intensa, era essa luz que estava dando brilho à ela,Paula já não se sentia como aquela menina medrosa, tímida , de quem lhe roubavam os sonhos e a coragem, como um livro que havia sido aberto, agora o seu coração estava se sentindo livre, porém, cauteloso e mais forte, muito mais forte.
Ela começou a pensar em Aline e lembrou-se de que ela havia dito que se o seu pai lhe expulsasse que ela poderia ir para sua casa, e Paula confiava nisso, ela confiava em Aline, ela sabia que não iria se decepcionar, Aline estaria esperando-a de braços e coração aberto e ela mais uma vez se sentiria  a mulher mais amada.Paula sabia que o amor das duas era muito forte, por isso ela se sentia forte também e sem recear mais nada ela ligou para Aline, precisavam conversar logo, ela precisava sair da casa de seus pais, já que havia sido expulsa.
Ao atender o telefone, Aline percebeu que a voz de Paula estava agitada e logo perguntou?
-O que houve amor? Você parece nervosa, o que aconteceu?
Paula respondeu com a voz embargada, as lágrimas passeando em seu rosto:
-Amor, preciso de você, preciso muito, estou desesperada.
-Mas me diga o que houve, estou preocupada.
Com as lágrimas escorrendo em seu rosto, Paula começou a falar , sua voz estava fraca e ela chorava.
-Aline, meu pai me expulsou de casa, não tenho para onde ir.
Aline falou em tom de surpresa:
-Como assim não tem para onde ir?Eu não lhe disse que você poderia vir pra cá?Vamos morar juntas, é tudo o que eu quero há muito tempo.
Paula disse:
-É que eu tive muito medo de você mudar de ideia e eu não ter para onde ir.
Aline falou com a voz mais firme:
-Você é louca pra pensar que eu mudaria de ideia, eu quero você comigo, você é meu amor, minha namorada, a mulher que eu amo.Como eu poderia lhe abandonar, se te quero ao meu lado?
Nesse momento Paula respirou profundamente, Aline pode ouvir sua respiração de alívio e disse ao seu ouvido:
-Venha amor, não tenha medo, eu estou te esperando.




quinta-feira, 8 de março de 2012

Após a Tempestade-Capítulo 34

As palavras de Aline eram suaves, serviam como um bálsamo que trazia alívio para o coração de Paula, muitas vezes ela se sentia receosa, tinha medo de ficar sozinha, de perder a força que Aline lhe transmitia, e quando ela sentia esse medo, Aline a encorajava, ela sabia que as duas precisavam ser fortes para que pudessem enfrentar todo o drama que estava apenas começando.Aline era a força que Paula precisava, as duas juntas agora eram muito mais fortes, e assim se sentiam mais confiantes para atravessar todos os desafios que já estavam acontecendo em suas vidas, como o preconceito do pai de Paula  e todos os demais problemas que elas enfrentariam.
Passadas algumas horas elas resolveram ir embora, Aline deixou Paula em sua casa e no momento em que ela chegava já estava quase amanhecendo, seu pai a esperava acordado ele já estava se aprontando para ir para o trabalho.Paula se assustou ao vê-lo acordado, ele a esperava furioso e quando ela entrou na sala ele foi logo perguntando:
-Você estava com aquela mulher não é?

Paula respondeu:
_ Aquela mulher tem nome, pai, o nome dela é Aline.

-Pois para mim ela é uma pessoa qualquer, não me interessa o nome dela, só quero que você me responda, sim ou não.
Paula com a voz firme respondeu:
-Já que o Senhor insiste pai, eu estava com ela sim, nós saímos e agora ela me trouxe pra casa.
-Que maravilha você chega em casa já amanhecendo o dia, eu disse pra você se afastar dessa mulher e você continuou se encontrando com ela, por isso o que eu tenho pra te falar é muito simples, eu quero que você pegue as suas coisas e saia dessa casa, porque aqui só fica quem respeita as minhas ordens, sai logo dessa casa porque eu não quero ficar discutindo com você, se discutir adiantasse alguma coisa você teria  parado de se encontrar com ela e como eu já percebi que o seu interesse é mesmo me afrontar, agora eu vou mostrar quem é mais forte, eu vou te fazer ver que aqui dentro quem manda sou eu.
Paula olhou para ele e disse:
-O meu interesse não é e nunca foi afrontar o Senhor, tudo o que eu quero é fazer com que o Senhor veja que eu tenho vida própria, que eu tenho o direito de viver minha vida da maneira que eu me sentir bem, o Senhor não tem o direito de me impedir de ser feliz, o Senhor é feliz com minha mãe não é?
Ele olhou para ela e não disse nada, Paula continuou:
-O Senhor se casou com a pessoa que o amava, por que eu tenho que fazer diferente?
-Não se trata disso, você distorce tudo o que eu falo, a questão não é essa, isso que você faz é vergonhoso, todos aqui no bairro comentam, eu não aguento mais ficar ouvindo alguns comentários a seu respeito, você é minha filha eu não queria que te fizessem sofrer.
-Pois não se preocupe pai, eles não me fazem sofrer, muito pelo contrário eles não imaginam que os comentários maldosos acabam me dando uma força muito maior para que eu possa enfrentá-los, eu não ligo mais para eles, agora só me importa ser feliz e eu sou feliz, muito feliz pai, me deixa ser feliz com ela da mesma maneira que o Senhor é feliz com a minha mãe.
-É diferente minha filha, a situação é outra, eu e sua mãe somos um casal de verdade, essa mulher tirou você de nós, ela te iludiu, eu a odeio, sabe o que é odiar uma pessoa minha filha?Ela não é nada para mim.
-Ela não precisa significar algo para o Senhor, pai, basta que ela signifique algo muito  forte para mim, e pode ter certeza de que ela é muito especial, agora se o Senhor sabe o que é odiar uma pessoa, eu sinto muito, só tenho a lamentar, porque eu não sei o que é odiar.
Ele a olhou com os olhos fumegantes, ele demonstrava ódio em seu olhar.Paula olhava para ele apenas ouvindo aquele desabafo, sem lhe dizer mais nada.Em seguida, ele falou:
-Eu odeio essa mulher.



sábado, 3 de março de 2012

Após a Tempestade-Capítulo 33

Aline e Paula continuaram assim por alguns segundos, os carinhos entre elas se intensificaram, Paula sentia-se protegida e amada nos braços de Aline,os carinhos eram diferentes, calorosos, especiais, havia tanto desejo e vontade que não dava pra explicar, suas respirações estavam agora mais aceleradas, os seus corações estavam pulsando juntos, em sintonia, como se fossem dois instrumentos tocando juntos a mesma melodia de maneira afinada, harmoniosa, enquanto a musica invadia os sentidos de ambas, as sensações mais loucas agora elas desfrutavam, havia um misto de embriaguez e desejo porque Paula fechava os olhos e podia viajar nas sensações que a deixavam entorpecida,Aline por sua vez deliciava-se com a maciez e suavidade do corpo de Paula sempre tão delicado e meigo, era incrivelmente maravilhoso,  cada vez que se encontravam era uma entrega diferente, com mais carinho, mais desejo, mais cuidados.Era especial demais para não ser real, o amor e o afeto que elas compartilhavam fazia crescer em cada uma o sentimento que agora as unia.Depois de alguns minutos desfrutando de todas essas sensações elas se beijaram docemente e Aline mostrou a Paula a banheira de hidromassagem.
Alguns segundos depois a água gostosa e relaxante deslizava por seus corpos, passeavam por cada curva de ambas, enquanto Aline observava Paula, seu olhar revelava uma certa dose de desejo, carinho e amor, o mais puro amor.Enquanto Paula continuava a se deliciar na água, Aline sentia a sedosidade de suas mãos,o toque era tão doce e calmo, suave.De repente Aline fixou seu olhar em Paula, era um olhar de admiração, ela ficava quase que meio boba ao admirá-la, era sempre assim,depois de passados alguns minutos após saírem da banheira elas resolveram conversar.
Aline olhando para Paula perguntou:
-Amor,o Roberto nunca mais te procurou?
Paula respondeu:
-Não amor, depois que ele teve a certeza de que nós estamos juntas ele nunca mais me procurou, às vezes eu o vejo, mas ele muito pouco fala comigo, ele percebeu que a gente não ia dar certo mesmo, não tinha nada a ver, apesar de ele sempre demonstrar interesse em ficar comigo nunca houve desrespeito de sua parte, muitas vezes a gente conversava, eu tentava fugir ao mesmo tempo em que queria agrada-lo, mas depois quando eu chegava em casa e olhava no espelho eu tinha muita raiva de mim, porque eu estava tentando fugir de algo que eu queria, que eu desejava, eu sempre soube que nunca seria feliz com um homem e eu não estou falando apenas do Roberto poderia ser com qualquer outro eu não seria feliz mesmo.Sempre me enganei, muitas vezes eu quis arrumar namorado pra fugir da minha verdadeira condição, mas era tudo em vão, meu coração me pedia outra coisa, eu não poderia ser feliz.
Nesse momento Aline olhou para ela e falou:
-Ainda bem que o Roberto desencanou de você e melhor ainda que você percebeu que não seria feliz assim porque dessa maneira eu tive a chance de ficar com você que é a pessoa que eu amo desesperadamente, você é parte da minha vida, é um pedaço essencial de mim, esse amor que nos envolve não é apenas parte do desejo,da admiração ou do carinho, é amor mesmo, é sentimento, é companheirismo, eu te amo tanto Paula que eu não consigo nem imaginar outra pessoa tocando seu corpo, outra pessoa te acariciando ou provando teu beijo, eu nem gosto de pensar nisso porque me dá desespero.
Paula olhou firmemente nos olhos de Aline e disse:
-Pois então não pense porque o meu amor por você também é imenso e ninguém vai tocar meu corpo porque eu só aceito que você me toque, eu também tenho muito medo de ficar sem você e de repente encontrar outro alguém que não tenha o mesmo carinho, a mesma compreensão e os mesmos cuidados que você tem comigo, é por tudo isso que esse amor que a gente sente é mais do que especial porque existe a preocupação, o querer bem, saber que a gente se quer bem de verdade e que existe esse carinho que nós tanto temos uma pela outra, por isso eu sinto muito medo de a gente se perder nesse mundo tão grande.
Aline tocou suavemente o rosto de Paula e disse:
-A gente não vai se perder amor, a gente vai sempre estar se protegendo uma  a outra.

Capítulo 61- As mães de Pedro

 Passada uma semana o advogado ligou para Aline avisando a ela que havia sido concedida a ela a guarda definitiva de Pedro. Ela ficou radian...