quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Após a Tempestade-Capítulo 18

Aline ouviu com muita atenção as palavras de Paula, seus olhos estavam brilhantes, lacrimejantes. Ela havia novamente encontrado a paz. Paula estava lhe trazendo uma tranqüilidade que há tempos ela não sentia, ela estava sentindo uma paz imensa como alguém que está perdido e novamente encontra o caminha de casa. E, assim Aline passou a ter certeza de que Paula era o seu sonho real.


Paula desligou o telefone e tentou escrever o artigo, finalmente conseguiu, e o dia correu com a sua naturalidade, o olhar de Paula arrastando Aline para longe de tudo, levando-a de  encontro ao infinito.

O fato de Paula ter conhecido Aline era como se ela estivesse começando a encontrar a coragem que faltava para enfrentar e assumir sua condição. Aline estava lhe transmitindo uma força que ela antes não possuía, era algo que estava lhe dando entusiasmo e energia positiva, ela precisava disso, finalmente depois de tanto fugir de si mesma ela estava encontrando coragem para assumir sua condição. Agora não dava mais para fugir, ela estava pela primeira vez vivendo uma situação para a qual sempre achou que nunca tivesse coragem de enfrentar. 

Era isso talvez que agora lhe movia, lhe dava vida e um pouco de ousadia. Paula percebeu que a vida necessita de um pouco de ousadia e audácia e ela precisava ser ousada e audaciosa consigo mesma, somente assim conseguiria assumir a sua real condição, até então ela havia vivido uma vida de ilusões e mentiras. Ela estava cansada disso, estava decidida a ser feliz e viver plenamente. Paula pensou em Aline todo o dia que até se esqueceu de que deveria ter ido conversar com seu pai, como sua mãe havia falado, ele se irritou pela atitude de Paula.


Ao chegar foi ter com ela a tal conversa,e lhe encheu de perguntas:
- Quero saber por que você não nos avisou que ia passar a noite na casa de uma amiga?
- Eu sei que eu errei pai, mas já conversei com mamãe, já pedi perdão, por que sei que vocês ficaram realmente muito preocupados comigo.
Ele argumentou:
- Você devia ter ao menos ligado para nos dizer que estava bem. Você não sabe como fica o coração de um pai preocupado, quando sabe que a sua filha está pelo mundo, sem proteção, há muita maldade lá fora.
- Eu imagino pai, mas não se zangue comigo, prometo que não vai mais acontecer, fui irresponsável, imatura.

- Paula, minha filha, você sabe o quanto te amamos e te admiramos,você precisa ser mais responsável, e não nos deixar nessa agonia, sai por aí e não sabemos com quem, dorme na casa de estranhos.
De repente Paula o interrompeu dizendo:
- Ela não é estranha, pai.
Ele a questionou:
- Então quem é ela? Onde a conheceu?

- É uma amiga da faculdade. Pai ela é uma boa pessoa, quanto a isso o senhor não precisa se preocupar, eu estava bem. Ela estava me trazendo, mas as ruas estavam intransitáveis, então fui dormir na casa dela.

- Sim eu sei, sua mãe já me falou, mas o que não aceito é que nos faça ficar preocupados sem dar ao menos uma notícia. Isso é injusto comigo e com sua mãe. Você sabe que está errada e espero que isso não se repita mais. Você não tem mais idade para fazer isso com seus pais, você não é criança, Já é maior de idade, eu sei que por você ser maior não deveríamos nos preocupar tanto, mas há muita violência no mundo.


Paula ouviu as palavras de seu pai em silêncio, ela estava envergonhada, ele tinha razão, ela era uma pessoa adulta e estava agindo de maneira infantil. Ela sabia que seus pais eram super protetores mas também eram muito rígidos, estavam sempre de olho em tudo o que ela fazia e ficavam de marcação cerrada.


Era terrível, mesmo Paula já sendo uma mulher adulta, muitas vezes eles a tratavam como se ela ainda fosse criança,isso estava fazendo muito mal a ela porque isso a impedia de crescer como pessoa.

Ao ouvir as palavras de seu pai,naquele momento Paula teve ainda mais certeza do quanto seria difícil enfrenta-lo, ela sabia que ele não iria aceitar.Assim,ela ficou o resto do dia pensativa, receosa.

Paula era uma mulher dependente cujos passos ela não conseguia guiar por vontade própria, estava sempre fazendo o que seus pais queriam,não era dona de seu próprio destino.Essa era uma situação que ela precisava mudar, não dava mais para continuar tão dependente e presa a seus pais.E assim a conversa  com seu pai deixou bem clara a sua posição quanto ao comportamento de Paula.


A noite na faculdade ela procurou Aline para que ela lhe levasse para casa como havia prometido.Aline já a aguardava em seu carro.Quando Paula chegou ela perguntou-lhe:
-Oi, como foi o seu dia?
Hoje não foi muito fácil, minha mãe não gostou nenhum pouco o fato de eu não ter ligado para eles e ainda tive que ouvir meu pai me falando um monte de coisas, fiquei muito envergonhada.


Aline perguntou:
-Mas tudo isso só porque você dormiu fora?
-Tudo isso porque eu não os avisei que estava bem, eles ficaram muito preocupados ainda mais porque caiu aquela chuva toda, eles pegam no meu pé demais.
Aline falou:


-Você precisa se desprender um pouco deles Paula, você está muito dependente, você não é mais criança, eles também precisam entender que você deve ter sua própria vida.
-Eu sei, é o que eu estou tentando fazer, só peço que você tenha paciência, tudo isso é porque eu nunca fui uma pessoa de sair muito, sempre fui muito caseira, nunca gostei muito de baladas, sempre estive ali para eles, a minha presença sempre foi constante, eles não estão acostumados.


-É eu sei, eu não estou criticando o seu jeito de ser e nem o seu comportamento, você é adulta e sabe como deve agir, sabe que precisa ter a sua liberdade respeitada pra que possa viver sua vida de maneira plena.Você tem que procurar a sua felicidade.


Nesse momento, Paula olhou fundo nos olhos de Aline e disse:
-Eu sei que você não está me criticando, sei que está falando isso porque quer me ver bem, mas eu sei que terei que enfrentar essa situação.

Aline olhou para Paula, com os olhos cheios de ternura, Aline começou a desenhar o contorno de seu rosto com os dedos.

Seus olhos eram perfeitos, suaves,os traços de seu rosto eram como uma estrada distante e misteriosa e Aline caminhava por ela.


Nesse momento Aline disse:

_Nada poderá tirar de mim o que sinto por você.Eu tinha mesmo que te encontrar pra ter de volta a minha paz e a minha alegria.
Aline disse essas palavras enquanto Paula apenas ouvia e as palavras ríspidas de seu pai a sobressaltavam.






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