segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

As Mães de Pedro- Capítulo 10

O dia amanheceu, Paula observou pela janela, estava nublado prometendo chuva. Ela olhou-se no espelho, seus olhos estavam inchados, vermelhos e pesados. Ela sentia uma dor de cabeça horrível, as pálpebras doloridas.

Tudo o que ela queria era poder descansar, mas não podia, ela tinha que trabalhar, precisava escrever um artigo sobre um assunto importante para ser publicado na próxima edição do jornal. Ela não tinha muito tempo para fazer isso e no entanto estava se sentindo com o corpo péssimo por não ter dormido nada na noite anterior.


Então resolveu tomar um banho gelado e bebeu uma xícara de café bem quente. Depois tentou falar com Aline, mas o celular estava na caixa de mensagem. Paula sabia que a essa hora Aline já estava no trabalho e apesar de saber que ambiente de trabalho não era lugar para falar sobre assuntos pessoais ela resolver ligar dessa vez no hospital, mas a telefonista disse que Aline não podia atendê-la naquele momento e que ela ligasse mais tarde.

Impaciente, Paula não hesitou, pegou o primeiro ônibus e foi para a cidade de Aline. Chegando ao hospital dirigiu-se para a ala pediátrica onde ela trabalhava e do fim do corredor ela avistou Aline conversando com uma criança.
Paula foi caminhando lentamente, quando Aline a avistou ficou surpresa e disse:
Espere só um minuto que eu vou levar a criança para o quarto.

Aline se retirou, e depois retornou sozinha dizendo:
-Você sabe, eu estou em ambiente de trabalho, não podemos conversar sobre assuntos particulares perto dos pacientes, principalmente se forem crianças.

Paula falou:
-Sim, eu sei, mas é rápido. 

Aline disse:
-Então diga, não posso ficar conversando aqui.
-Sim, não se preocupe eu vou falar bem rápido e depois se você quiser a gente conversa mais em outro lugar.
-Tudo bem, vamos conversar.

Paula, com a voz trêmula começou a falar:

- Aline, eu liguei no seu celular mas só dava caixa de mensagens. Eu sei que aqui não é o lugar adequado pra gente conversar, mas eu precisava muito te ver pra esclarecer sobre ontem a noite.

Aline perguntou:
_Esclarecer o que sobre ontem a noite?

Paula olhou para ela um pouco surpresa e disse:
-O fato de eu ter ido embora com o Roberto, talvez você esteja pensando coisas negativas a meu respeito e não é nada disso. Não aconteceu nada entre nós, foi só uma carona mesmo, você sabe ,eu e o Roberto somos apenas amigos, eu já te falei sobre isso.


Aline apenas ouvia e de repente disse:
-Paula, mas eu sei que ele tem interesse em você, além disso, nós duas sabemos que entre nós existe um sentimento que não é de amizade.

-Mas Aline, foi só uma carona e eu não sabia que você se irritava tanto em me ver ao lado do Roberto.
-Me irrito sim e muito.

-Tudo bem, pelo menos agora eu sei, é que eu não sabia e nem esperava que ele estivesse na festa.
-Muita coisa você não sabe Paula.
-Você pode dizer pelo menos uma.?

-Não, não agora, não aqui, se você quiser, a noite a gente se fala na faculdade. Agora vai por favor eu não posso ter problemas, entenda.
-Tá, tudo bem, eu também tenho trabalho , e a noite a gente se fala então. Tchau
Aline respondeu:
-Até a noite.

Paula saiu caminhando rapidamente e Aline ficou observando ela desaparecer no final do corredor. Aline estava muito confusa com a atitude de Paula na noite da festa, mas ela estava decidida a conversar com ela e esclarecer sobre tudo o que sentia.


Paula voltou para sua cidadezinha, escreveu o artigo e enviou para o jornal, ela estava ansiosa, não conseguia se concentrar em nada.
E finalmente a noite chegou, ela foi para a faculdade, era dia de exame, apesar da chuva forte que agora caía, ela não podia faltar, e mesmo estando ansiosa ela conseguiu fazer o exame.

Mas a chuva só fazia aumentar, agora estava tendo trovoadas e relâmpagos, estava uma correria na faculdade de modo que alguns alunos e professores resolveram sair antes do horário normal pois havia tido uma queda de energia. Os estudantes foram se amontoando, uns saíam na chuva mesmo, outros aguardavam um pouco.

No meio daquela bagunça, Aline sabia que Paula não tinha carro e resolveu procurá-la e a encontrou no corredor no meio de um grupo de alunos. Sorte dela é que Roberto acabou o exame antes e já tinha ido embora e nem sequer lembrou de oferecer carona para Paula. Ao avistar Paula ela perguntou:

-Oi Paula, eu estou preocupada com você, quer que eu te leve? Está chovendo muito.
Nesse momento Paula olhou para Aline e disse:
-Você é mesmo um anjo, claro que eu quero.
Nesse momento as duas saíram no meio da chuva mesmo e foram para o carro de Aline.
Ao entrarem no carro, Aline disse:

-Que chuva! Você podia ter ligado no meu celular.
Paula falou:
-Eu não sabia se ainda ia encontrá-la aqui.
-É, mas a gente combinou de se falar, lembra?
-Sim, lembro. E acho que agora chegou a nossa hora.
-Sim, a nossa hora.

Nesse momento Aline começou a dirigir, a maioria das ruas estava intransitável devido à chuva muito forte, havia muita água, pegaram a estrada a caminho da casa de Paula, mas a surpresa maior foi que o início da estrada estava interditado em virtude da queda de uma árvore bloqueando a passagem dos veículos. Paula olhou e disse:
-Não acredito, aqui não podemos passar. 

Diante daquela situação não havia outra saída e Aline disse:
-Vamos para o meu apartamento, passe a noite lá.
Paula olhou para ela meio confusa ainda e perguntou:
-Seu apartamento?

Aline respondeu:
-Sim, as ruas que dão acesso ao meu bairro estão em condições muito melhores, não choveu muito forte por lá. É a sua única saída. Vamos?
Paula, olhou carinhosamente para Aline e disse:
-Vamos.


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