No dia seguinte o advogado ligou para Aline avisando que estavam sendo providenciados todos os papéis da guarda de Pedro como André havia lhe pedido, foi quando Aline disse que André estava na UTI.
___De qualquer modo todos os procedimentos legais estão sendo tomados eu espero que André possa se recuperar.
E havia chegado o inverno, a cidade estava cinza e fria, um vento gelado batia naquela manhã de maio. Paula saiu e foi levar Pedro para a escolinha enquanto Aline foi para o hospital. A brisa gelada batia no rosto de Paula, ela andava rapidamente a caminho do jornal quando o celular tocou.
__Aline é você?
__Sim Paula.
__O que houve?
Com uma voz embargada Aline falou:
__Acabou Paula, o sofrimento do André acabou.
Então naquela manhã gelada e cinza André partiu. Ele foi tranquilo, calmo, sereno. Aline viu do corredor quando ele foi retirado da UTI e levado pelas enfermeiras. Não havia familiares a avisar, não havia amigos, havia apenas Aline, Paula e Pedro. Tudo foi organizado por Aline para que André tivesse um sepultamento digno. Ao final da tarde os três se despediram de André e Pedro perguntou:
__Para onde meu papai está indo?
__Ele está indo morar com alguns anjos.
_Ele morreu não é tia Paula?
Paula respondeu:
__Pedro, acontece assim, o nosso corpo fica muito doente e aí precisa descansar, um dia você vai entender.
_E quando eu vou poder vê-lo?
__Um dia.
Na sua tenra idade Pedro ainda não tinha talvez a dimensão da dor, era compreensível que ele fizesse tantas perguntas que até mesmo os adultos fazem. Eles se despediram de André e foram os três para casa. A tarde era banhada por uma neblina que cobria toda a cidade, o vento gelado daquele final de um dia triste anunciava um entardecer que Aline sentia em sua alma, afinal eles haviam sido namorados e apesar de todas as circunstâncias ela tinha carinho por ele. Ao chegarem em casa Aline se trancou no quarto e chorou em silêncio. Paula entendia sua reação, pois ela havia acompanhado todo o sofrimento de André. Paula entrou no quarto e viu Aline desolada, sentada no chão, encostada na parede, os olhos vermelhos. Paula se aproximou e abraçou-a. Aline falou soluçando:
___Paula não saia de perto de mim, por favor, eu te peço, eu e o Pedro precisamos de você.
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