quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As Mães de Pedro- Capítulo 13

Paula e Aline adormeceram ouvindo a chuva cair. A cumplicidade que nasceu a partir daquela noite ajudou a fazer com que ambas se comprometessem a buscar a própria paz no  seu interior, sentir e compartilhar a essência de um sentimento que durante muito tempo esteve adormecido.


Não existia mais medo e nem desconfiança, o que as movia agora era o desejo de compartilharem suas vidas, cuidando uma da outra e ali naquele apartamento o silêncio da noite e a chuva que caía foram testemunhas de que entre elas florescia agora o mais puro sentimento e compromisso de fidelidade.


Paula de vez em quando se aconchegava, assim ela sentia-se protegida, como se nenhuma maldade pudesse alcançá-la, como se todas as coisas ruins estivessem sendo dissipadas e levadas para longe como as folhas são levadas pelo vento, e ela pudesse agora esquecer que durante muito tempo andou perdida, sem rumo, sem um caminho para seguir.

Enquanto o vento gelado continuava a soprar lá fora, elas permaneciam ali, as mãos estavam entrelaçadas, unidas. Para elas era o começo de uma nova vida, pois até aquele momento Aline não vivia, e Paula também não, apenas sobreviviam, porque não haviam encontrado o amor verdadeiro, sem interesse.


Aline sabia da fragilidade de Paula com relação as outras pessoas porque ela acreditava e confiava em todos, não via maldade em ninguém e isso a fazia sofrer porque se aproveitavam de sua bondade. 

 Paula não enxergava malícia nas palavras alheias, mesmo quando essa malícia estava evidente e era disso que Aline queria protegê-la, não para colocar uma armadura em torno dela, mas para que ela descobrisse a força guardada em seu interior e pudesse se proteger da maldade do preconceito.

Aline dizia para si mesma:

-Como eu gostaria de poder conhecer além do brilho das estrelas para fazer com que nossas vidas sejam cada vez mais fortes e intensas, para que aquela luz que buscamos não se apague perante a maldade e a discriminação dos outros, para que você não desista de lutar pelo amor que é capaz de lhe trazer a felicidade que você tanto procurou. 


Aline acreditava que um novo sol agora estaria nascendo para elas e seu brilho seria tão intenso que iluminaria suas vidas, mesmo quando elas se sentissem fracas. Pensando na força e intensidade daquele sentimento, Aline sussurrou:

-Doce menina, como eu queria poder tornar forte esse seu meigo coração para que ninguém te machuque, para que ninguém te faça sofrer, como eu queria mudar o seu destino e te proteger de tudo.
Com os olhos tristes e marejados, Aline novamente adormeceu.


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